terça-feira, 29 de janeiro de 2008

R$ 49, 6 milhões para a dança

EM BOAS MÃOS
A SPCD, que ficará na antiga rodoviária de São Paulo (ao fundo), será dirigida por Iracity Cardoso e Inês Bogéa: R$ 13 mi só no primeiro ano

Marcela Benvegnu

O investimento é alto: em 2008 serão destinados R$ 49,6 milhões para a dança no Estado de São Paulo. O anúncio foi feito ontem, às 11h, na Sala São Paulo — sede da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) — pelo secretário estadual de Cultura, João Sayad, acompanhado do prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, e do governador José Serra. A verba será usada na criação da São Paulo Companhia de Dança (SPCD), na construção de um teatro para abrigá-la e na liberação de recursos, por meio do Programa de Ação Cultural (PAC), para grupos de dança do Estado. Os grupos e companhias de Piracicaba podem receber parte dos recursos mediante a aprovação de seus projetos nos respectivos editais de seleção do PAC.


Da verba total, a maior parte dos recursos — R$ 34 milhões — será investida na desapropriação da área da antiga rodoviária e prédios anexos, no bairro da Luz, para a construção do novo teatro, com área total de 16.501 metros quadrados; R$ 13 milhões irão para a manutenção da SPCD em seu primeiro ano, um valor estimável quando é feita a seguinte comparação: o Balé da Cidade de São Paulo (BCSP) — corpo estável do Teatro Municipal de São Paulo — que completa 40 anos em 2008, receberá este ano verba estimada em R$ 700 mil. “É uma previsão. Tomara que recebamos tudo”, torce Mônica Mion, diretora do BCSP.

Feitas as contas, o valor destinado realmente à dança será de R$ 2,6 milhões. Desses, R$ 1,4 milhão irá para o PAC, direcionado a grupos de dança privados — 52% a mais do destinado em 2007 —; R$ 600 mil na manutenção da programação do Teatro Itália; R$ 300 mil para festivais de dança no Estado, e R$ 300 mil para projetos relacionados a danças folclóricas. No ano passado, o projeto Batuque de Umbigada, de Piracicaba, foi contemplado pelo PAC.

COMPANHIA Com direção de Iracity Cardoso — criadora do Centro de Dança da Galeria Olido e diretora do Ballet Gulbenkian de Portugal de 1996-2003 — e direção adjunta de Inês Bogéa — até então crítica de dança do jornal “Folha de S. Paulo” — a SPCD nasce grande. “Encontramos no projeto uma maneira sólida de profissionalizar os bailarinos. Não se trata somente de juntar talentos; é algo muito mais complexo. É um trabalho diário, de ensaios, de dedicação, de formação da personalidade da companhia”, fala Iracity. “A dança precisa de espaço e é para esta conquista que estamos trabalhando”, completa Inês. Da mesma forma que a Osesp tornou-se uma referência em matéria de música clássica no cenário nacional, a nova companhia pretende influenciar decisivamente no panorama da dança no Brasil, buscando firmar um padrão e contribuir para o desenvolvimento de experiências similares


FORMATO — A São Paulo Cia. de Dança será composta por até 40 bailarinos. As audições acontecem em Belém, Recife, Brasília, Porto Alegre, Buenos Aires e São Paulo — no dia 23 de fevereiro — com audição final em 24 de fevereiro. Audições na América do Norte e Europa ainda podem ser definidas. Porém, não será preciso viajar tão longe para encontrar bons bailarinos.A companhia realizará montagens de excelência artística, tanto pela relevância das obras quanto pela qualidade técnica dos bailarinos. O repertório será abrangente, incluindo obras dos séculos 19, 20 e 21. As montagens poderão abordar as grandes peças do repertório clássico e moderno, mas abrirão espaço para a criação contemporânea de coreógrafos nacionais e internacionais.

CEDAN — Modesta, mas não menos importante, a Companhia Estável de Dança (Cedan) de Piracicaba deve mesmo sair do papel este ano. Aprovada em redação final pela Câmara de Vereadores no dia 25 de outubro de 2007, a Cedan, vinculada à Secretaria Municipal da Ação Cultural, tem por finalidade incentivar e possibilitar a criação de um corpo de baile amador permanente, que apresente periodicamente espetáculos, propiciando a formação teórica e prática do bailarino.

A companhia será composta por um elenco de até 20 intérpretes, a serem escolhidos por meio de seleção. Uma licitação para a direção artística da Cedan deve ser aberta no mês de fevereiro. Segundo a secretária da Ação Cultural, Rosângela Camosele, o orçamento deve atingir R$ 40 mil, como o da Ceta (Cia. Estável de Teatro Amador), que está sem diretor artístico no momento.

PAC — Grupos e companhias piracicabanos também podem receber verba do PAC (Programa de Ação Cultural). Em 2008, serão apoiadas propostas de pesquisa, companhias de médio porte, produções independentes, circulação de grupos, núcleos, coletivos e companhias consagradas, a partir da experiência de duas edições do programa (2006-2007) e de reflexão sobre o panorama de editais municipais (Fomento à Dança/Secretaria Municipal de Cultura) e federais (Prêmios Klauss Vianna).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Novidades para a dança

O anúncio será feito pelo secretário da cultura do Estado de São Paulo João Sayad, somente na segunda-feira (28), 11h, em São Paulo, mas já é possível adiantar que a São Paulo Companhia de Dança, criada pelo governo do Estado de São Paulo, sairá do papel.

A Companhia que nasce quando o Balé da Cidade de São Paulo (dirigido por Mônica Mion) está completando 40 anos, tem como objetivo viabilizar a profissionalização na área no Brasil. Jovens bailarinos, que hoje saem do país por falta de perspectivas profissionais, poderão ter mais uma chance chance em terras tupiniquins.

A direção da companhia ficará a cargo da experiente Iracity Cardoso (leia-se Ballet Gulbenkian na década passada) com direção adjunta de Inês Bogéa, que possivelmente deixará o cargo de crítica de dança da Folha de São Paulo, passando a assinar somente matérias especiais. As audições acontecem e todo o país depois do Carnaval.

Ainda na segunda-feira, Sayad irá anunciar outras medidas de apoio à dança, como o aumento de verbas públicas para o setor. Parece que os valores são ultrapassam a casa dos 40 milhões.

Robbins brasileiro


Marcela Benvegnu

Inspirado na premiada coreografia de Jerome Robbins, com música de Leonard Bernstein, letras de Stephen Sondheim e texto de Arthur Laurents, “West Side Story” está sendo montado no Brasil pela primeira vez. O musical, um dos mais famosos da Broadway, estréia no dia 8 de março, no Teatro Alfa, em São Paulo. A versão brasileira é assinada por Cláudio Botelho, com direção musical de Luis Gustavo Petri, adaptação coreográfica de Tânia Nardini, figurinos de Fábio Namatame e direção geral, iluminação e cenários de Jorge Takla.
Graças ao seu aspecto revolucionário, que trouxe para os musicais uma linguagem mais jovem e ágil de tudo que tinha sido feito anteriormente na Broadway, “West Side Story” se tornou um dos espetáculos mais premiados de todos os tempos, tanto em sua produção original como em sua versão para o cinema. A coreografia de Robbins é considerada, até os dias de hoje, a melhor já concebida para um musical. Também devido à excelência de sua música, com canções como “Maria”, “Tonight”, “América” e “I Feel Pretty”, o espetáculo foi traduzido para mais de 15 idiomas.
Ambientado em Manhattan nos anos 60, “West Side Story” conta a história de amor de Tony e Maria. Trata-se de uma adaptação moderna de Romeu e Julieta, de Shakespeare, que nasce em meio à rivalidade de duas gangues de rua, retratando os conflitos de uma juventude que crescia embalada ao som do mambo, do rock e inspirada na rebeldia de James Dean. O elenco é encabeçado por Francarlos Reis (Doc), Adalberto Halvez (Bernardo) e Luciano Andrey (Riff), além de 42 atores e 24 músicos da orquestra. O espetáculo fará curtíssima temporada, com 100 apresentações, permanecendo em cartaz no Alfa até julho de 2008.
ROBBINS — Jerome Robbins (1918-1998) foi um dos maiores coreógrafos americanos de todos os tempos. Levou aos palcos dança clássica, moderna e contemporânea e criou um novo estilo de se fazer musical. Entre seus trabalhos estão “On the Town”, “High Button Shoes”, “The King And I”, “The Pajama Game”, “Bells Are Ringing”, “Gypsy: A Musical Fable”, “Fiddler on the Roof”, porém, com certeza, a coreografia de “West Side Story”, é sua melhor obra.
PARA VER — “West Side Story”. A partir de 8 de março, no Teatro Alfa (rua Bento Branco de Andrade Filho, 722), em São Paulo. De quinta e sexta, às 21h; sábado 17h e 21h, e domingo, 18h. Os ingressos variam entre R$ 40 e R$ 150. Mais informações: (11) 5693-4000.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Suassuna inspira “Crendices...Quem Disse?”


Marcela Benvegnu

As comemorações dos 454 anos da cidade de São Paulo, que começam na próxima sexta-feira, dia 25, prometem shows de música, performances, exposições, séries de concertos e apresentações de dança. Entre os grupos está a Companhia de Danças de Diadema, que apresenta “Crendices...Quem Disse?”, — um dos mais recentes e premiados trabalhos da companhia — em três apresentações, na Galeria Olido. A entrada é gratuita.
A coreografia de Ana Bottosso — com contribuição do elenco — foi apoiada no romance “A Pedra do Reino”, do dramaturgo Ariano Suassuna. O texto surgiu como inspiração para a Companhia dar início à pesquisa e criação coreográfica. Tendo como eixo central de estudo trechos do romance, o grupo aborda em forma de movimento as crendices populares que habitam o dia-a-dia do povo brasileiro; crenças do passado de cada um, textos do autor, além de causos, tragédias, alegrias e curiosidades.
A linha de movimentação coreográfica é apoiada em gestos e símbolos que trazem como principal referência as danças africanas e religiosas, como o candomblé e a umbanda, que se fundem de forma harmônica à dança contemporânea. No decorrer do processo de criação da montagem, o grupo percebeu que muito pouco se fala sobre as crenças que residem nos indivíduos e que é preciso dar importância à cultura raiz — e suas possibilidades de leitura por meio da arte contemporânea — para que ela se torne um portal aberto para construção da identidade do próprio brasileiro.
Com iluminação do talentoso Ari Buccione, o espetáculo conta com trilha sonora especialmente composta. Assinada pelo Grupo Pedra Branca, a música traça um diálogo real com a coreografia, abordando a idéia de que a cultura brasileira é como um rico mosaico, no qual se encaixam todas as outras formas e manifestações culturais. A obra mescla músicas e instrumentos de raiz com elementos sonoros contemporâneos como, theremin, alaúde árabe, cítara, tabla, samissen, udu africano, chocalhos indígenas e outros.
Aos que passarem por São Paulo na semana que vem, vale assistir ao espetáculo. Ainda bem que a dança não ficou de fora das comemorações do aniversário, jamais poderia, tendo em vista que a secretaria de cultura do Estado deva lançar no próximo mês uma nova companhia estadual de dança. Tudo ainda é muito secreto, mas é possível prever que a direção será de Iracity Cardoso.

PARA VER — "Crendices...Quem disse?”, com a Cia. de Danças de Diadema. Dias 25 e 26, às 20h e dia 27, às 19h, na Galeria Olido (av. São João, 473), na Sala Paissandu. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência.

Crédito: David Virgílio

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

"Pedrinho Luz" estréia em SP


Marcela Benvegnu

Apesar de ser um projeto de dança piloto do programa Fábricas de Cultura, a montagem “Pedrinho Luz”, que será apresentada este mês em alguns CEUs e em fevereiro no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, vem rendendo bons frutos. Pelo menos no que diz respeito à consciência corporal e, sobretudo, à popularização e (in)formação sobre dança. Não importa se os 42 jovens do projeto, com idades entre 14 e 19 anos que vivem em áreas de risco, serão ou não bailarinos. O mais importante é ressaltar que pelo menos neste período, o corpo e a vida destes cidadãos foram continuamente transformados.

Com direção de Susana Yamauchi — que em 1997 coreografou o célebre “Plenilúnio” para o Balé da Cidade de São Paulo, companhia que completa 40 anos em 2008 —, “Pedrinho Luz” é uma adaptação de “Petrouchka”, balé de Michel Fokine (1880-1942), com música de Igor Stravinsky (1882-1971), que foi montado pela primeira vez em 13 de junho de 1911 pelo Ballet Russo de Diaghilev. “Pedrinho Luz” é ambientado no Carnaval, época em que se desenrola um triângulo amoroso entre Pedrinho, um marionete que ganha a vida por obra de um mago, e as bailarinas Rita e Átila.

PROJETO — O projeto conta com o auxílio do diretor de teatro Márcio Aurélio, da crítica de dança Inês Bogéa, do artista circense Marco Vettore e do percussionista e diretor musical Ari Colares, além de uma equipe de 12 profissionais em cada distrito onde as atividades são realizadas. Os participantes de “Pedrinho Luz” recebem ajuda de custo de R$ 50 por mês.

A secretaria investirá US$ 30 milhões no programa até 2010. Os recursos serão aplicados na construção de unidades nos bairros de Jaçanã, Jardim São Luís, Vila Brasilândia, Sapopemba, Capão Redondo, Vila Nova Cachoeirinha, Vila Curuçá, Cidade Tiradentes e Itaim Paulista. As instalações terão salas de ensaio, auditório, biblioteca e outras dependências nas quais os jovens poderão desenvolver suas atividades artísticas e culturais.

PARA VER — “Pedrinho Luz”, amanhã e domingo, no CEU Casa Blanca, no Jardim São Luís. Dias 19 e 20, no CEU Vila Curuçá, no Jardim Miragaia, e dias 26 e 27, no CEU Paz, no Jardim Paraná. Todas as apresentações nos CEUs acontecem às 16h. No Teatro Sérgio Cardoso (rua Barbosa, 153), dias 15, 16, 17, 22, 23 e 24 de fevereiro. Sextas e sábados às 20h e domingos, às 18h.

Crédito da imagem: Tuca Vieira

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

De todos os cheiros


Marcela Benvegnu

Se você não sabia qual espetáculo assistir no mês de janeiro, já tem uma boa opção: “Lavanda”, de Lu Brites, reestréia no dia 15 de janeiro, às 21h, no Espaço Parlapatões, em São Paulo. O solo da bailarina, atriz e coreógrafa apresenta quatro personagens femininas que têm seus estados emocionais associados à poética da água. O espetáculo foi contemplado pelo edital de apoio à pesquisa coreográfica da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.

A principal característica de “Lavanda” é o diálogo entre elementos do teatro, dança e vídeo, todos reunidos com o intuito de conduzir o espectador por uma narrativa não linear, mas concreta. A encenação combina delicadeza e humor por meio de uma dramaturgia fragmentada, que usa ainda o recurso de vídeo-dança para multiplicar a intérprete em cena: o vídeo “Lobotomia de um Coração” revela o estado psicológico de uma das personagens — uma secretária bilíngüe — ao se sentir oprimida no escritório em que trabalha.

Já o curta “O Jato” apresenta uma cena surrealista na qual uma adolescente é surpreendida por um jato d’água ao passar pela rua. Sobre o título, a coreógrafa diz que “lavanda é uma água de cheiro bom, uma essência de oferenda e que as quatro mulheres que evoca querem atravessar a grande água, em diferentes fases de vida, com diferentes anseios e prestes a mergulhar em jornadas profundas.” Com duração de 45 minutos, o trabalho é uma crítica ao estado de ressecamento da própria alma e do planeta.

Para esta montagem, Lu conta com a parceria de Claudia Missura (“Domésticas”, “O Avarento” e “Paixões da Alma”).

CARREIRA — Lu é formada em dança contemporânea pelo Diplome D’etad de France — Paris, fez treinamento em teatro físico com o diretor inglês David Glass, em Londres. Iniciou sua carreira como bailarina na Cia. Deborah Colker, participando dos espetáculos “Vulcão”, “Velox” e “Mix”. Integrou a Intrépida Trupe de Circo-Teatro e a Cia. Dani Lima de Dança. Ainda na dança, foi uma das artistas brasileiras premiadas pelo Programa Internacional de Residência Chantier en Construction, em Paris.

No teatro, participou das peças “Bacantes” e “Sertões”, dirigidas por José Celso Martinez Corrêa; no cinema atuou em “Nome Próprio”, de Murilo Salles, “Canção de Baal”, de Helena Ignes, “Falsa Loura” e “Equilíbrio e Graça”, ambos de Carlos Reichenbach e outros. Como coreógrafa participou dos espetáculos “Ópera Eletrônica Guarany”, “Um Minuto de Silêncio”, dirigido por Vadim Nikitim e Cacá Machado, “Ritmos do Brasil”, com a Cia. Brasileira de Sapateado, e outros.

Atualmente, interpreta a cantora Linda Batista nas filmagens do longa metragem “Últimos Compassos”, de Dimas de Oliveira

PARA VER — “Lavanda”, com Lu Brites. Dia 15 de janeiro, às 21h, Espaço Parlapatões (praça Roosevelt, 158), em São Paulo. Até 5 de fevereiro, às terças e quartas. Ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudantes, idosos e classe artística). Mais informações (11) 3258-4449.

Thank you, Dance!

by Judy Smith "