sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Fuga! mistura dança e teatro


Marcela Benvegnu

As fronteiras entre a dança e o teatro (e não dança-teatro) têm sido muito discutidas na contemporaneidade. O Núcleo Fuga!, — laboratório de pesquisa vinculado ao Lume, grupo de teatro de Campinas — coordenado por Renato Ferracini, por exemplo, busca o experimento prático da potencialidade criativa proporcionada pela união entre atores e bailarinos e leva ao palco do projeto Primeiro Sinal — lançado pelo Sesc Avenida Paulista ontem, em São Paulo — o espetáculo “Fuga!”.

Com direção do argentino Norberto Presta, o elenco denominado pelo próprio núcleo como performadores é formado pelos atores Eduardo Albergaria e Evelyn Ligocki e pelas bailarinas Ana Clara Amaral e Carolina Laranjeira. Além dos intérpretes possuírem formação nas duas linguagens, foram utilizados no espetáculo alguns procedimentos do Lume Teatro e a técnica Klauss Vianna de dança.Inspirado no livro “Amor Líquido” — sobre a fragilidade dos laços humanos de Zygmunt Bauman — e em algumas imagens da fotógrafa americana Diane Arbus, o texto é fruto de uma criação coletiva.
Ferracini e Jussara Miller (responsável pela provocação cênica da dança) propuseram, separadamente, encontros nos quais foram exercitadas questões como memórias, evocações e provocações, desta forma “Fuga!” cria um ambiente físico/sensível, que possibilita diferentes leituras, em uma proposta que constrói sua lógica própria, trazendo o público para dentro da cena e, em alguns momentos, os atores para fora dela.“Se nos apoiarmos na dança e no teatro, e principalmente em sutilezas de criações do corpo, o que se constrói em cena?”, pergunta Ferracini. Em busca dessa resposta foram estruturados os processos de ensaio, que colocaram lado a lado essas diferentes linguagens, “mas que, em níveis mais profundos, se conectam e geram outros campos de poesia em cena”, completa o coordenador.O espetáculo é recomendado para maiores de 14 anos e a montagem tem duração de 50 minutos.

PARA VER — “Fuga!”. Todas as quintas-feiras, às 20h, no Teatro de Câmara (13º andar), na Unidade Provisória do Sesc Avenida Paulista, em São Paulo (avenida Paulista, 119). Até 10/4. Ingressos custam R$ 8 (inteira), R$ 4 (usuário matriculado e dependentes, maiores de 60 anos, estudantes com carteirinha e professores da rede pública de ensino) e R$ 2 (trabalhador no comércio e serviços matriculados e dependentes). Mais informações (11) 3179-3700.

Foto: Juliana Schiel

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Veterano está em WSS

Veterano em musicais — ele já integrou “My Fair Lady” — está o piracicabano Felipe Secamilli, 25, que no momento ensaia como violinista na orquestra do musical “West Side Story”,que estréia no próximo dia 8 de março, no Teatro Alfa, em São Paulo. Inspirado na premiada coreografia de Jerome Robbins, com música de Leonard Bernstein, o musical tem versão assinada por Cláudio Botelho — como “Aída” — e direção geral de Jorge Takla.

“A concepção musical de ‘West Side Story’ é fantástica. Bernstein é um grande compositor e a peça é muito bem escrita”, fala Secamilli. “Sem contar que é de difícil execução, e a orquestra conta com músicos de alto nível. Acho que sou o mais novo deles lá.” Secamilli ensaia diariamente para a estréia desde o dia 31 de janeiro. “Na próxima semana já vamos para o fosso do teatro e aí vamos juntar instrumentistas, bailarinos e cantores. Está sendo muito prazeroso integrar novamente o elenco de um musical”, fala o violinista.

Ambientado em Manhattan nos anos 60, “West Side Story” conta a história de amor de Tony e Maria. Trata-se de uma adaptação moderna de Romeu e Julieta, de Shakespeare, que nasce em meio à rivalidade de duas gangues de rua, retratando os conflitos de uma juventude que crescia embalada ao som do mambo, do rock e inspirada na rebeldia de James Dean. O espetáculo fará curta temporada, com 100 apresentações, permanecendo em cartaz no Alfa até julho de 2008.

PARA VER - "West Side Story”. A partir de 8 de março, no Teatro Alfa (rua Bento Branco de Andrade Filho, 722), em São Paulo. De quinta e sexta, às 21h; sábado 17h e 21h, e domingo, 18h. Os ingressos variam entre R$ 40 e R$ 150. Mais informações: (11) 5693-4000.

Começa a temporada de "Aída" em SP


Marcela Benvegnu

O musical “Aída”, de Elton John e Tim Rice, que ficou em cartaz na Broadway entre 2000-2004, ganha versão brasileira a partir de hoje, 21h, no Teatro Cultura Artística, em São Paulo. No palco, o público poderá conferir a atuação de uma piracicabana, a cantora e bailarina Thaís Piza, 19, que integra o elenco ao lado de 26 intérpretes, uma orquestra de 15 músicos e oito personagens principais que contam uma história de amor e dominação entre egípcios e núbios.

Na montagem, Thaís participa do coro. “Em cena todos são considerados atores, que cantam e dançam”, fala a jovem que trancou o curso de jornalismo na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) para fazer o musical. “Agora farei artes cênicas”, conta. Thaís, que já cantava na noite piracicabana e sempre fez aulas de dança, fez audição para o musical em outubro. “Os ensaios aconteceram em dezembro e janeiro e ficaremos em cartaz até abril. É uma curta temporada”. A emoção de estrear em uma montagem profissional é grande. “É muito gratificante. A gente batalha muito. Só digo que neste mundo temos sempre que estar com os pés no chão, porque fazemos muitos testes e nem sempre a resposta é um sim”, fala Thaís, que já tinha feito audições para “Peter Pan” e “Os Produtores”, musical em que ficou para os testes finais do papel principal — Ulla — interpretado por Juliana Paes.


NARRATIVA — Baseado na ópera de Giuseppe Verdi — que foi encomendada pelo governo egípcio em 1870 durante as comemorações da construção do canal de Suez — “Aída” conta a história de Radamés, capitão egípcio que é instigado pelo primeiro ministro e seu pai, o ambicioso Zoser, a dominar e conquistar a Núbia. Nas margens do rio Nilo, o capitão aprisiona um grupo de mulheres, entre elas a princesa núbia Aída, que é levada como escrava de presente para sua noiva, a egípcia Amnéris. Radamés então começa a viver uma profunda transformação emocional. De dominador, ele passa à condição de dominado, pois se apaixona pela escrava.

Em “Aída” estão veteranos em musicais como Saulo Vasconcellos, de “O Fantasma da Ópera” e “A Bela e a Fera”; Andrea Marquee, de “Nas Raias da Loucura” e “Rent”; Corina Sabbas, de “Grease” e “Disney para Piano e Voz”, além de Nina Morena (filha de Marília Pêra) e do ator Lui Mendes (Rede Globo). A direção e dramaturgia do musical é de Augusto Thomas Vannucci, com direção de movimento do coreógrafo carioca Caio Nunes, figurinos de Rui Cortez e supervisão de tradução de Claudio Botelho (“Sweet Charity”, “Ópera do Malandro”, “Sassaricando — E o Rio Inventou a Marchinha”).

PARA VER - “Aída”. Estréia hoje, 21h, no Teatro Cultura Artística (rua Nestor Pestana, 196), em São Paulo. O musical fica em cartaz de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h. Ingressos custam entre R$ 60 e R$ 150. Data, local, horários e valores foram enviados pelos organizadores. Mais informações (11) 3214-0223.

"Cara Pálida" estréia no TD


Marcela Benvegnu


Assistente de direção da Escola Municipal de Bailados de S. Paulo e professor do curso Artes do Corpo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o coreógrafo Umberto da Silva — que em Piracicaba na década de 80 ministrou aulas do Studio 415 — estreou ontem, no Teatro da Dança (TD), de São Paulo, "Cara-Pálida". O trabalho ainda será apresentado hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 18h, no TD, e inaugura o projeto Artista da Casa da instituição, que pretende escolher, semestralmente, por curadoria, um artista para produzir uma obra inédita.
"Cara-Pálida" dá continuidade à pesquisa iniciada por Silva em 1988, com "O Homem que não Botava Ovo", e que se desenvolve ao longo de suas criações — "Tambores, Suor e Lágrimas", "Vinganças", "Tristão e Isolda", "Stress Sob as Estrelas", "Cachorro sem Dono", "Súbito Prazer", entre outros trabalhos — como investigação do universo masculino ocidental. O espetáculo se constrói no compromisso com a cena contemporânea, focando, por vezes com certa ironia, o indivíduo e sua responsabilidade em administrar as escolhas que faz diante de seus medos e incertezas.
Para Silva, "Cara-Pálida" é um corpo-ocidental domesticado, mas que aceita a utopia como forma regeneradora da sua existência e, portanto, de sua linguagem. "Ao aceitar os limites, o espetáculo transcende a própria materialidade e conduz ao resgate da capacidade de restauração de uma percepção sensorial elementar e integral", fala. "A natureza do ‘Cara-Pálida’ revela o não-conformismo no momento em que não se confina exclusivamente no território já conhecido e reconhecível, mas aventura-se por caminhos ainda não explorados, num imanente questionamento".
Ao assumir o risco da investigação, a dança desdobra-se em possibilidades compositivas inusitadas, mesmo que, por vezes, de forma quase previsível. "Cara-Pálida" roteiriza poemas, afirma o coreógrafo que apresenta o trabalho com o auxílio de Suiá Ferlauto na criação do espaço, Daniel Fagundes na trilha e Carlos Gaúcho na iluminação.
O espetáculo tem duração de 60 minutos e não é recomendado para menores de 12 anos.
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PARA VER — "Cara-Pálida", de Umberto da Silva, no Projeto Artista da Casa do TD — Teatro de Dança (avenida Ipiranga, 344 - subsolo do Edifício Itália). Hoje e amanhã, às 20h, e domingo, às 18h. Ingressos custam R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia-entrada). Mais informações: (11) 2189-2557.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Sambateado outra vez


Marcela Benvegnu

A “Folha de S. Paulo” já anunciava na semana anterior ao desfile das escolas de samba do grupo especial: ‘Na Mocidade Alegre, um grupo de dança irá mostrar a fusão do samba com o sapateado”. Eles se referiam ao sambateado, que depois foi notícia em “O Globo”, “O Estado de S. Paulo”, “Folha de S. Paulo” e “O Diário de São Paulo”, além de aparições e matérias de TV.Quem não viu e aqueles que querem um novo “bis” do estilo, têm a chance de assistir novamente hoje, ao desfile das escolas de samba campeãs do Carnaval de São Paulo 2008.

Entre elas, a Mocidade Alegre, vice-campeã, com o enredo, “Bem-Vindo a São Paulo. Sabe Por Quê? Porque São Paulo é Tudo de Bom”, e que teve pela primeira vez na história do Carnaval paulista uma ala dedicada ao sapateado.Intitulada Ala Sapateia São Paulo, o trabalho assinado pela coreógrafa, musicista e sapateadora Christiane Matallo — que no ano passado já sambateou na avenida pela Mocidade — , retrata os próprios sapateadores, além de ser homônima ao evento que promove em São Paulo, para comemorar o Dia Internacional do Sapateado, que agora tem Lei no Brasil.

A ala conta com 21 sapateadores oriundos de São Paulo, Itatiba, São José dos Campos, Sorocaba, Piracicaba e Campinas. “É a união. A integração, o que eu sempre quis para o sapateado no Brasil”, fala a coreógrafa, criadora do “sambateado”. “O que fazemos na passarela é um diálogo com a bateria, sendo que o nosso instrumento está nos pés. É a união do samba com o sapateado”.

Christiane ministra aulas semanais de sambateado para a comunidade da Mocidade Alegre há um ano.O figurino dos sambateadores desenhado pelo carnavalesco Zikson Reis é todo azul royal; assim como o sapateado de sapateado confeccionado especialmente para o trabalho, pela Só Dança; com borracha especial para dias de chuva, trabalho de desenvolvimento acústico e material mais leve. “Tudo foi feito e pensado para que os bailarinos profissionais tivessem na passarela a mesma segurança e desenvoltura que têm no palco, afinal, são mais de 20 minutos direto de coreografia”, fala Christiane.

Hoje, a festa começa às 22h, com o desfile da Leandro de Itaquera, segunda colocada no Grupo de Acesso, que volta ao Grupo Especial em 2009. Em seguida, desfilam Unidos do Peruche, campeã do Grupo de Acesso, e as quatro primeiras colocadas do Grupo Especial na ordem inversa, Tom Maior, Rosas de Ouro, Unidos da Vila Maria, Mocidade Alegre e Vai-Vai. A transmissão é feita pela Rede Globo e Band.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A vez do contato-improvisação


Marcela Benvegnu

O contato-improvisação é uma técnica corporal que propõe um diálogo físico por meio da troca de peso e do contato que possibilita uma profunda percepção de si mesmo e do outro. O estilo, muito difundido no Brasil pelo Estúdio Nova Dança de São Paulo, acaba de receber atenção especial de Camila Vinhas e Ricardo Neves, que idealizaram o 1º Encontro Internacional de Contato-Improvisação, que acontece entre os dias 12 a 17 de fevereiro, no Centro de Dança da Galeria Olido, em São Paulo, com oficinas, jam sessions, workshops, mesa-redonda e performances gratuitas.

Os movimentos que surgem da técnica lidam com a inércia, o momento, o desequilíbrio e o inesperado. E dentre os principais conteúdos estudados estão o domínio e compreensão do peso, pressão e tração, fricção, o toque e a condução, além de quedas e suspensões.

O contato-improvisação nasceu em janeiro de 1972 — momento histórico em que os jovens da sociedade americana questionavam radicalmente o autoritarismo e as guerras — quando o bailarino e coreógrafo americano Steve Paxton despontou na cena para aplicar um projeto de residência para bailarinos no Oberlin College, em Ohio, nos Estados Unidos, ao lado de seus parceiros, entre eles, Daniel Lepkoff, que estará presente no encontro.

Lepkoff pertence à primeira geração do contato-improvisação americano.A realização do encontro é da da Galeria Olido/Centro Cultural São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.


ATIVIDADES — Entre as atividades do encontro destacam-se oficinas avançadas ministradas por Cristina Turdo, de Buenos Aires; Tica Lemos, de São Paulo, e Lepkoff, de Nova York; workshops ministrados por Giovane Aguiar, de Brasília, para iniciantes e interessados, com prévia inscrição; três noites de jam sessions, coordenadas por Fernando Neder, Camila Vinhas, Ricardo Neves e Raymundo Costa; mesa redonda aberta ao público sobre temas específicos — com a participação dos profissionais envolvidos —, mostra de vídeos e performances.


PARA IR — 1º Encontro Internacional de Contato-Improvisação de São Paulo. De 12 a 17 de fevereiro, no Centro de Dança da Galeria Olido (avenida São João, 473). Mais informações pelo (11) 3334-0001 ramal 2005. Inscrições e informações: cisp2008@gmail.com.
Crédito da imagem: Andre Andreev

Thank you, Dance!

by Judy Smith "